11.7.08

por uma nova invenção

O que facilitaria imenso a nossa vida seria internalizar, de fato, isso do que o juízo até permite um entendimento, mas que acabamos não levando para a prática: o que está aí não se formou da noite para o dia.

Precisamos fazer com que isto viva em nós - o que, pelo método da observação, pode ser até simples: olhando com atenção para um mapa da cidade, vemos grandes estruturas compactas cravadas no tecido urbano; um aeroporto, por exemplo. Aquilo veio de algum lugar, em determinada data e atuou diretamente na configuração de todo um entorno - e não só: os reflexos prolongam-se até os confins! (Podemos reduzir ou ampliar a escala do objeto sem prejuízos ao método - isto seria, pelo contrário, recomendado).

Talvez o encurtamento progressivo dos períodos entre uma grande mudança estrutural e outra - a ponto de não sabermos mais reconhecê-las com clareza - contribua para um empastelamento da nossa percepção da História, como se a História tivesse "parado" diante dessas transformações - de território, sociais etc. - e se, agora, vivêssemos num jorro, num fluxo sem forma. De algum jeito, mesmo sabendo que não (ou, quem sabe, já um tanto desconfiados do contrário), é como se já tivéssemos atingido e vivêssemos no FUTURO. O futuro, daqui para frente, torna-se um mero aperfeiçoamento -cruel!- de tudo o que foi inventado até hoje. Assim, a invenção foi retirada da "vida comum".

Qualquer pessoa consciente e comprometida com o potencial humano sente-se mutilada diante de tamanha impossibilidade. Por mais que os fatores pareçam nos empurrar para longe da lucidez e de um engajamento, é nítido como o mundo abriga uma série de pessoas "dispostas".

Nesse momento é que precisamos, como nunca, de alguma meditação sobre a afirmação do início - já considerando a possibilidade do engajamento. Por mais que as transformações sejam muitas, aceleradas e profundas, não vamos conseguir trazer a invenção de volta à vida comum se quisermos fazer tudo da noite para o dia. O tempo de uma vida é curto e, no meio da banalização geral, não deve deixar espaço para nomes. O esforço pode ter outras recompensas, talvez invisíveis sob a luz da desconexão.

É este o espírito que deve permear o trabalho do educador, seja como pais ou professores, para com a juventude.

(texto do caderno - reflexões da febre de abril)

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