06dez02
(sobre a música e a arquitetura, quando o “núcleo de música da FAU” vinha sendo a orkestra toska)
Ao se abordar a música, está se tocando em algo que está muito próximo do estudante de arquitetura, por se tratar de algo essencialmente humano. Não há quem “não goste” de música, sem entrar no mérito dos “gêneros”. A música é uma unanimidade, pode-se assim dizer. E está em todos os lugares! Seja por sons ou ritmos.
O som é algo que percebemos involuntariamente. Ouvir não é como ver, que para não ver basta fechar os olhos. Os ruídos compõem o ritmo, seja ele ordenado ou caótico. E tudo isso não é alheio a nós.
(sobre a música e a arquitetura, quando o “núcleo de música da FAU” vinha sendo a orkestra toska)
Ao se abordar a música, está se tocando em algo que está muito próximo do estudante de arquitetura, por se tratar de algo essencialmente humano. Não há quem “não goste” de música, sem entrar no mérito dos “gêneros”. A música é uma unanimidade, pode-se assim dizer. E está em todos os lugares! Seja por sons ou ritmos.
O som é algo que percebemos involuntariamente. Ouvir não é como ver, que para não ver basta fechar os olhos. Os ruídos compõem o ritmo, seja ele ordenado ou caótico. E tudo isso não é alheio a nós.
Em nossas atividades, somos produtores de sons e ruídos. Temos mais ou menos controle sobre eles. A voz, por exemplo, ao falarmos, possui um timbre característico, único até. Conscientemente, aliada ao ritmo da própria fala e aos ruídos ritmados da dicção, a voz é um instrumento sonoro de que dispomos naturalmente.
Temos ainda o ritmo do caminhar, dos nossos gestos e, avançando, o próprio ritmo de nossas atividades, o ritmo de nossos pequenos rituais _acordar, escovar os dentes, trabalhar... Até dormirmos. Este depende de uma série de fatores também externos a nós. Seria um “ritmo social” (Talvez haja um “ritmo natural” anterior ou dentro deste, por exemplo, relacionado ao dia: claro e ativo e à noite: escura, descanso)... Dá para “viajar” nessa questão dos ritmos. Resumindo: o ritmo de uma semana, que se repete ao longo do mês, que se repete ao longo do ano, que se repete ao longo do tempo que transcorre entre nascimento e morte.
Falei até aqui da “música involuntária”. Existe a “música voluntária”, consciente, daquele que se dispõe a tomar a música, ou o conjunto desses sons, ruídos, ritmos, produzidos involuntariamente como objeto de estudo e como criação, a partir daí. Então faz sentido haver instrumentos musicais. Observa-se que do meio de ruídos aleatórios é possível se extraírem sons puros. Os instrumentos musicais são a forma mais acabada de consegui-los, de busca-los, melhor dizendo. A perseguição da perfeição nada mais é que a busca pelo som puro, livre dos ruídos que não sejam aqueles que caracterizam o timbre do instrumento explorado.
Inicia-se aí um caminho de investigação da realidade através do que se escuta. A partir dela, é possível que se CONSTRUA conscientemente um produto, utilizando-se dos instrumentos musicais e suas potencialidades. E os sons do cotidiano, em partes, deixam de ser música, já que a música passa a ser o fruto de um trabalho de criação consciente e um objeto de estudo, não mais um produto do acaso. O acaso por si não produz música enquanto algum ser humano não identificar nele e dele extrair algo que soe como tal.
Assim parece que toda “ciência”, todo estudo, possui uma “natureza” interdisciplinar. O fato de se recorrer a uma cobrança para que ela exista indica que ela se perdeu e que o estudo, assim, não possui “essência”. Em vez de brigarmos por interdisciplinaridade, devemos saber enxerga-las nas coisas, sem perde-la de vista.
A aproximação entre arquitetura e música se dá exatamente no ponto de convergência, quando se reconhecem ambas como fruto da CRIAÇÃO E CONSTRUÇÃO HUMANAS, por mais que elas tenham valores utilitários bastante distintos. Certamente, tendo isso desenvolvido até aqui, tenho um ponto de partida para pensar uma série de implicações da demonstração da proximidade entre música e arquitetura.
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(texto escrito no caderninho de 2002, publicado no jornal 1:1000 em março de 2004)
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